sábado, 4 de abril de 2020

Eleições 2020 - Debate vai avançar: adiamento da eleição municipal entra, em maio, na agenda do TSE


Mudou o sentimento entre ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a hipótese de adiamento das eleições municipais. Se há um mês o assunto era rejeitado e fora de cogitação, agora, com o avanço da pandemia do coronavírus, a possibilidade de cancelamento do pleito de outubro passa a ser mais real. O adiamento da eleição de 2020 depende de uma mudança na Constituição Federal.

O Ministro Luís Roberto Barroso que, no próximo mês, assume o comando do TSE, admite que, em maio, será aberto o debate sobre uma possível mudança de data para escolha dos novos vereadores e prefeitos. A discussão avança na Câmara Federal e no Senado que já tem articulações, por meio de Propostas de Emenda à Constituição (PECs), para a eleição ser cancelada.

O Ministro Luis Barroso destaca, em entrevista ao Jornal O Globo, que a saúde dos brasileiros está em primeiro lugar, manifesta simpatia a transferência do pleito para dezembro, se opõe a prorrogação de mandatos dos atuais prefeitos e vereadores – iniciativa que classifica como fraude, e discorda da proposta de coincidência das eleições em 2022 – Presidente da República, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual, Governador, Prefeito e Vereador.

ESCALADA DA COVID-19

A ideia sobre o adiamento das eleições municipais surgiu a partir das projeções do Ministério da Saúde que apontam para expansão do número de casos de coronavírus ao longo dos meses de abril, maio e junho. O indicativo do Ministério da Saúde é que, somente, em setembro, o País registrará uma queda mais acentuada na quantidade de pessoas infectadas pela Covid-19. Os defensores do adiamento da eleição querem os R$ 2 bilhões do Fundo Eleitoral para o combate à pandemia.

O primeiro turno da eleição está marcado para o dia 4 de outubro, mas, a partir do mês de abril, o calendário do TSE fica ainda mais intensificado e prevê eventos, datas e ações que exigem presença dos atores da corrida eleitoral – servidores da Justiça Eleitoral, advogados, prefeitos, militantes políticos, eleitores, vereadores, pré-candidatos e dirigentes partidários.

O TSE mantém esse calendário, mas algumas etapas – como, por exemplo, testes do software e do sistema operacional da urna eletrônica, foram adiados. Houve, como revela a reportagem do Jornal O Globo, suspensão do treinamento de 2 milhões de mesários. O mês de maio terá, também, datas a serem cumpridas pelos eleitores e, em muitos casos, com exigência de presença nas unidades da Justiça Eleitoral.

O encerramento do prazo, para regularização da biometria, é dia 6 de maio. Hoje, em Fortaleza, pelo menos, 370.000 eleitores estão impedidos de votar em 2020 porque deixaram de realizar a biometria. Se houver uma mobilização para atualização cadastral, as aglomerações serão inevitáveis, contrariando as recomendações das autoridades da saúde para o distanciamento social como medida para barrar a transmissão do coronavírus.

Sem esperar pelo TSE, deputados federais e senadores se anteciparam para propor, por meio de Propostas de Emendas à Constituição (PECs), o adiamento das eleições municipais. Um dos projetos é para o pleito ser realizado no mês de dezembro deste ano, enquanto outra proposta é para transferência da eleição para 2022.

ADIAMENTO, SEM MANDATO PRORROGADO

O TSE sentiu o aquecimento da discussão e o assunto deverá entrar, a partir de maio, na pauta de debates da Corte, quando surgiram projeções do Ministério da Saúde sobre a transmissão do coronavírus para o segundo semestre de 2020. 

‘’A saúde pública, a saúde da população é o bem maior a ser preservado. Por isso, no momento certo será preciso fazer uma avaliação criteriosa acerca desse tema do adiamento das eleições. Mas nós estamos em abril. O debate ainda é precoce. Não há certeza de como a contaminação vai evoluir’’, disse, em entrevista ao Jornal O Globo, o ministro Luís Roberto Barroso, para quem, na hipótese de mudança do calendário, o adiamento deve ser pelo período mínimo necessário para que as eleições possam se realizar com segurança para a população. ‘’Estamos falando de semanas, talvez dezembro’’, observou.

Barroso se opõe à prorrogação de mandatos por considerá-la violação à Constituição Federal.

‘’A ideia de prorrogação de mandatos dos atuais prefeitos e vereadores até 2022 não me parece boa. Do ponto de vista da democracia, a prorrogação frauda o mandato dado pelo eleitor, que era de quatro anos, e priva esse mesmo eleitor do direito de votar pela renovação dos dirigentes municipais. Se for inevitável adiar as eleições, o ideal é que elas sejam ainda este ano, para que não seja necessária a prorrogação de mandatos dos atuais pre feitos e vereadores’’, afirmou o ministro.

Outro ponto de discordância do ministro é quanto à realização de eleições gerais em 2022. 


‘’As eleições municipais deverão mobilizar 750 mil candidatos, cujas candidaturas precisam ser objeto de registro e que, em caso de impugnação, precisam ser decididas pela Justiça Eleitoral. Já é um número muito expressivo. Juntar a eles os questionamentos de registros de candidaturas à Presidência da República, ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados e às Assembleias Legislativas significa criar imensas dificuldades para a administração do pleito pela Justiça Eleitoral. Um verdadeiro inferno gerencial’, avalia o ministro.

Com informações do Ceará Agora

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